Alguns dias depois da Independência Indiana, já havíamos decidido o que faríamos na Festa da Independência do Brasil. A feijoada seria preparada pelo Mário, peruano namorado da Thais, que também o ajudaria. Estávamos decidindo se faríamos no Crew Bar ou no salão de festas do navio.
As opiniões eram diferentes, mas eu sempre apoiei o bar, mesmo que pequeno, era o nosso bar. Precisávamos de algo que representasse o Brasil, eu tinha uma pequena bandeira, mas precisava de uma camisa, o que parecia que era algo que todos precisavam.
Em busca do manto para a festa da independência do Brasil
Em uma das paradas em Atenas, descobrimos uma outlet da Nike, onde vendiam a camisa da seleção brasileira por um preço muito mais barato até que no Brasil. Na primeira oportunidade, o Jhonata e eu pegamos um táxi que nos levou até a outlet.
Chegando lá, haviam outros brasileiros atrás do mesmo item e até mesmo comprar outras coisas, já que estava tudo bem barato. Encontramos o Alan, e acabamos fazendo uma bagunça na loja, quando o Alan contou que estava ficando com uma russa do shopping. SIM, O ALAN MANO! O ALAN!
Não acreditamos direito, mas o levantamos nos braços e corremos pela loja cantando o “pam, pam, pam…” do Ayrton Senna. Depois do momento de bagunça, fomos procurar o que precisávamos. Achamos uma camisa da seleção brasileira por apenas €15, o que é MUITO BARATO, mesmo no câmbio de hoje (2015).
Daí em diante fomos olhando tudo e no final, eu acabei levando uma mochila (€12), uma camisa do Barcelona (€20) e um boné (€6), foi realmente barato e acabei comprando demais, pois não costumo comprar nada, mesmo no exterior.
Já com a camisa em mãos, comidas decididas para a festa, tivemos a notícia de que o salão estava liberado para a nossa festa. O 7 de Setembro estava chegando e estávamos ansiosos e só se falava nisso, um patriotismo que eu nunca vi antes, seja pela festa ou pela data, estávamos felizes.
Independência ou morte (de tanto comer)
Dia 7 de Setembro de 2012. Era o dia do nosso país, nossa independência e todos estavam esperando a nossa festa. Passamos o dia inteiro chamando e relembrando as pessoas. Durante a tarde, o Mário e a Thais preparavam a feijoada, enquanto outros arrumavam o salão de festas, de acordo com o tempo de break que tinham durante o dia.
À essa altura, já éramos uns vinte brasileiros a bordo. Alguns infelizmente não se falavam, mas estavam todos no Staff Mess na hora da feijoada com a camisa brazuca, seguidos por uma fila de pessoas de outras diversas nacionalidades. Comemos a feijuca, que mesmo preparada por uma peruano, estava muito boa.
#Partiu Festa da independência do Brasil em navio de cruzeiro
Depois de matar a saudade do nosso prato típico e explicar aos gringos como é feito, fomos todos para o salão de festas, o que seria a nossa disco naquela noite. O Dj (indiano) já estava com as músicas brasileiras engatilhadas e haviam transferido os equipamentos do Crew Bar para lá, com poucas bebidas e as mais leves possível, era a condição do Staff Captain para o uso do salão.
A festa já estava rolando, mas a imensidão do salão (que era pequeno, se comparado ao de outros navios) dava a sensação de que não havia muita gente e ninguém queria ir na pista mas, depois de uns shots de vinho, resolvemos animar um pouco a festa. Uma agitação começou na pista, mas nada como a festa dos indianos.
A festa estava quase no fim, havia animação, mas as expectativas estavam tão altas, que dava pra perceber a nossa frustração. A Noemi, mãe da Débora também veio para a nossa festa.
Com ou sem emoção?
Aí… pra dar uma animada na coisa, alguém apareceu com uma garrafa de 51, sim algum mafioso entrou com uma garrafa a bordo ou conseguiu de alguém do bar. Todo mundo queria tomar um pouco, e todos sabiam que era proibido. Havíamos tomado poucos e míseros “choros” da cachaça, e a garrafa estava escondida em um canto do salão, enquanto os security estavam andando pela festa.
A garrafa ainda estava cheia, e eu fui com dois amigos pegar mais um pouco, as luzes já estavam quase acesas, porque havia dado a hora de parar a festa, mas a música continuava. Quando um de nós estava com a garrafa nas mãos, o security apareceu.
Nós tentamos esconder a garrafa, mas ele já tinha visto a cena. Saímos correndo do lugar e ele foi em direção à garrafa. PUTA QUE PARIU! Ele pegou a nossa cachaça.
Alguns minutos depois ele veio até mim, e disse que me daria um WARNING. Fiquei desesperado. Seria o meu terceiro Warning em dois meses a bordo, e eu ainda tinha seis meses pela frente. Tentei dizer de todas as formas que não era minha a garrafa e não estava em minhas mãos na hora, mas é claro, eu estava com eles.
Depois disso, a festa acabou de vez. Cada um pra sua cabine. No dia seguinte, falei com o Marcos e o Lucas, que disseram ter perguntado ao security sobre a festa e ele disse que não daria o warning. Não botei muita fé, queria esperar os dias passarem pra ver se viria um warning ou não, talvez nem desse tempo, já que esse era o meu último cruzeiro no Mediterranea.
A sorte, é que os securities da festa eram os gente boa, e não o que me pegou brincando em área de passageiros. Os dias passaram, e nada de chegar o warning. O cruzeiro acabava, a mãe da Débora iria embora, e nós seríamos transferidos para outro navio. Iniciar uma vida nova, amigos novos, funções novas e o mais tricky, supervisores novos.
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