Quando chegamos na parte mais alta e mais movimentada do bairro alto, entendemos porque falavam tanto de lá. São várias ruas estreitas e longas, com vários bares e baladas de vários estilos e gostos.
Entramos e saímos de vários lugares, compramos caipirinha em um bar barato e continuamos andando em meio a multidão, até que paramos para conversar com um grupo de holandesas, onde uma falava “purtuguêx”, eram todas lindas e gente boa, mas perderam a graça quando os namorados chegaram mais perto.
Meio passo depois, duas francesas, uma bonita, uma feia. O Jhonata que sempre pegava mulher feia, colou na bonita e elas nos acompanharam pelas ruas. Meia hora depois o Jhonata já não aguentava mais ficar tentando alguma coisa, desistiu da francesa e continuamos entrando de bar em bar até que encontramos com o Cézar, que tinha acabado de chegar lá, andando achamos um bar muito animado, e claro, com música brasileira.
Entramos no bar e parecia que ficaríamos ali. Quando eu estava gostando do lugar, a FDP da bartender arrancou a caipirinha da minha mão e jogou no lixo – “Cá não se entra com bibidax de outros barex”. Nem adiantou reclamar, estava escrito na parede.
O lugar melhorou quando começamos a dançar com umas brasileiras; eram três brasileiras bonitas e de lugares diferentes do Brasil, todas diziam estar em Lisboa para estudar Medicina e morarem com tia, primo ou sei lá onde.
Éramos quatro para dançar com as três, elas dividiam a dança entre nós e uns gringos que também estavam curtindo a festa brazuca. Dança ali, dança aqui, nós já estávamos ficando bêbados com a cerveja do lugar, as conversas com as brasileiras evoluíram e cada um pensou que havia se arrumado na noite em Lisboa, mas após algumas tentativas, elas foram dançar com os gringos que estavam por lá e alguns minutos depois, saíram do bar com eles. Perdemos para os gringos, já nos contentávamos com a situação, e o negócio era curtir a noite.
Depois de um tempo, já estávamos cansados daquele bar, e saímos andando pelas ruas, até que encontramos os gringos que saíram do bar com as brasileiras, chegamos zoando e perguntando como tinha sido com elas.
Eles estavam sozinhos com cara de trouxa, disseram que as meninas queriam dinheiro, deram uns beijos neles, mas em seguida, falaram que a partir dali, só pagando. Não aguentamos é claro, ficamos zoando os gringos, que eram gente boas, e sentido menos por termos perdido para eles. Uns dias depois, ouvi que têm muitas brasileiras que ganham a vida assim em Lisboa.
As ruas do bairro alto ainda estavam cheias, mas a maioria era gente bebada e drogada. Decidimos que o próximo destino era o cais, onde tinham as baladas e bares. O Jhonata já tava quase em Bagdá.
Chegando com o táxi no cais, tinham uns caras esperando quando a gente desceu. E o negócio deles era esse: – Ei gajo, tens um cigarro? – Não, não tenho. – então quer comprar maconha? – Não, valeu! – Têm cocaína também. Esses caras ficam em todo lugar do porto, e usam sempre a mesma conversa, que deve funcionar com alguns, já que eles estão ali sempre. Vi tripulantes comprando, mas cada um sabe o que faz, no Mediterranea não tinha tanto alcohol and drugs test.
Adiante, chegamos à parte do cais onde tudo acontece, As Docas, ficamos por ali em frente à balada que os tripulantes falaram, estava lotada, e às 4h da manhã, os caras queriam cobrar €20 de cada um pra entrarmos. Paramos em umas mesas e pedimos umas cervejas no bar em frente.
Nós continuamos tentando entrar na balada, por menos ou de graça, mas nada rolava. Entre uma cerveja e outra, fomos tirar uma foto, e o Jhonata, que já tava pra lá de Bagdá, deu uma cabeçada, à la Zidane, na mão de quem tava tirando a foto e quebrou a tampa do celular do Cézar.
Do outro lado o Alan já se envolvia com uma mulher que tava em outra mesa com um amigo. Estaria tudo bem, se ela não fosse MUITA feia e mais velha que a gente haha. Ela era uma cubana que morava em Lisboa com esse amigo, que era bem estranho, falava arrastado e tava bem amigo da gente.
A conversa dos dois começou a fluir, e pra nossa surpresa novamente, o Alan deu um beijaço na véia, no meio de todo mundo. PQP, todos os Crews ficaram olhando surpresos, mas como estavam bêbados, nem ligaram.
O Jhonata, depois de muito tempo tentando, conseguiu entrar de graça na balada. Nós tentamos, e nada. O Alan, já quase apaixonado pela velha, estava pensando em ir pra casa dela, mas o que não entendíamos era porque o amigo dela, com cara de mafioso, ficava incentivando e chamando o Alan pra casa dela.
Saímos daquela parte, já voltando no sentido do navio, quando eu tava comendo um dog, o Alan veio correndo pedindo uma camisinha emprestada. Ninguém tinha, e eu só tinha uma no bolso. Mas fazia tanto tempo que o Alan não pegava ninguém, que não pensei duas vezes e dei a minha pra ele, que foi correndo de volta pro meio de um jardim que tinha por ali.
O Cézar tinha sumido, o Jhonata na balada, e o Alan com véia feia, sobrei com meu hot dog, que tava bom pra caramba. Alguns, minutos depois os dois voltaram, o Alan como sempre, não havia concluído a missão, e queria ir pra casa de velha.
Como bons amigos, nós o impedimos de fazer essa besteira, afinal, ninguém conhecia Lisboa tão bem assim, e essa mulher com o cara por perto, só podia ser treta. Desde aquele dia, falávamos que salvamos o Alan de uma quadrilha que traficava órgãos pela Europa toda, ele seria apenas mais um.
Ainda com o Alan arrependido de não ter ido, voltamos ao porto em um táxi-van com uns tripulantes que não conhecíamos muito bem, mas viraram amigos naquele dia. As histórias de overnight sempre ficam na memória, sempre tem alguma coisa que vai marcar a noite, naquela, foram várias as coisas.
P.S.: Infelizmente não existem muitas fotos desse dia, pois felizmente todos estavam preocupados com a diversão e a onda das selfies ainda não era tão forte tanto.
Em breve postaremos histórias de outros overnights em lugares diferentes como Ibiza, Buenos Aires e Rio de Janeiro.
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