Crônicas de Bordo: Overnight em Lisboa (Os perigos de Cuba)

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Atualizado em 29/06/2021
Por: Bruno

Atualizado em 29/06/2021
Por: Bruno

Docas-de-Santo-Amaro - Concierge ETC - lisboa
Ahhh Lisboa…
Falar de Lisboa poderia render alguns bons posts aqui. Mas vamos focar só nos Overnights que tivemos por lá, que também dariam muitos bons posts.
Começava mais um cruzeiro e dessa vez, era com overnight em Lisboa, a cidade luz. Era um dos cruzeiros mais esperados, pois era o único em que tínhamos a chance de passar a noite na cidade. No Crew Bar, os gringos já falavam que conheciam tudo de Lisboa e que era só ir na deles, os italianos da excursão falavam que Lisboa era a cidade deles e a frase era “We gonna rock Lisbon”, mas todo mundo falava ou das baladas no cais ou de ir direto para o bairro alto, então já sabíamos onde o bicho pegava por lá.
Eu terminava mais ou menos cedo no buffet e só entraria às 8h do dia seguinte. Quando deu o meu horário, desci correndo pra não perder tempo, nem me perder da galera, afinal, esse seria o primeiro overnight com tempo pra curtir à noite.
Me arrumei rápido e passei na cabine do Jhonata, que era um lixo de coisa jogada e foi aí que decidi que não dividiria cabine com ele nunca; ele se arrumou e fomos para o Crew Bar onde estava todo mundo esperando pra saírem juntos e fazendo um esquenta, afinal, ficamos o cruzeiro todo falando disso, não podíamos nos separar de forma alguma.
Saindo do navio, cada um com duas latinhas de cerveja na mão, fomos alertados antes da gang way que ninguém sairia com bebidas alcoólicas do navio. Alguns beberam na gang way mesmo, nós conseguimos meter as latinhas no bolso e passar. Quando todos já estavam fora, fomos para a rua, em frente ao porto, para tentar pegar um táxi.

Os táxis passavam todos cheios, e o primeiro que passou vazio, nós paramos, porém, éramos um grupo muito grande. Então, os pequenos grupos foram pegando os táxis e marcaram de se encontrar lá em cima, já na entrada do bairro alto. Nós entramos em um táxi e os italianos do Tour ficaram por último, e aquela foi a última vez que todos se viram aquela noite.            

Chegando no bairro alto, a energia era diferente e com certeza, não encontraríamos ninguém naquela multidão. Subindo as ruas estreitas, paramos em um bar e compramos uma cerveja portuguesa chamada Sagres, que tava bem barata. Éramos eu, o Jhonata, Alan e mais um cara que veio no táxi.

Evento-no-Chiado-Lisboa - bairro alto

Bairro Alto na alta temporada, ruas simplesmente lotadas. Foto: E com quem será?

Quando chegamos na parte mais alta e mais movimentada do bairro alto, entendemos porque falavam tanto de lá. São várias ruas estreitas e longas, com vários bares e baladas de vários estilos e gostos.
Entramos e saímos de vários lugares, compramos caipirinha em um bar barato e continuamos andando em meio a multidão, até que paramos para conversar com um grupo de holandesas, onde uma falava “purtuguêx”, eram todas lindas e gente boa, mas perderam a graça quando os namorados chegaram mais perto.
Meio passo depois, duas francesas, uma bonita, uma feia. O Jhonata que sempre pegava mulher feia, colou na bonita e elas nos acompanharam pelas ruas. Meia hora depois o Jhonata já não aguentava mais ficar tentando alguma coisa, desistiu da francesa e continuamos entrando de bar em bar até que encontramos com o Cézar, que tinha acabado de chegar lá, andando achamos um bar muito animado, e claro, com música brasileira.
Entramos no bar e parecia que ficaríamos ali. Quando eu estava gostando do lugar, a FDP da bartender arrancou a caipirinha da minha mão e jogou no lixo – “Cá não se entra com bibidax de outros barex”. Nem adiantou reclamar, estava escrito na parede.
O lugar melhorou quando começamos a dançar com umas brasileiras; eram três brasileiras bonitas e de lugares diferentes do Brasil, todas diziam estar em Lisboa para estudar Medicina e morarem com tia, primo ou sei lá onde.
Éramos quatro para dançar com as três, elas dividiam a dança entre nós e uns gringos que também estavam curtindo a festa brazuca. Dança ali, dança aqui, nós já estávamos ficando bêbados com a cerveja do lugar, as conversas com as brasileiras evoluíram e cada um pensou que havia se arrumado na noite em Lisboa, mas após algumas tentativas, elas foram dançar com os gringos que estavam por lá e alguns minutos depois, saíram do bar com eles. Perdemos para os gringos, já nos contentávamos com a situação, e o negócio era curtir a noite.

Depois de um tempo, já estávamos cansados daquele bar, e saímos andando pelas ruas, até que encontramos os gringos que saíram do bar com as brasileiras, chegamos zoando e perguntando como tinha sido com elas.

Eles estavam sozinhos com cara de trouxa, disseram que as meninas queriam dinheiro, deram uns beijos neles, mas em seguida, falaram que a partir dali, só pagando. Não aguentamos é claro, ficamos zoando os gringos, que eram gente boas, e sentido menos por termos perdido para eles. Uns dias depois, ouvi que têm muitas brasileiras que ganham a vida assim em Lisboa.

As ruas do bairro alto ainda estavam cheias, mas a maioria era gente bebada e drogada. Decidimos que o próximo destino era o cais, onde tinham as baladas e bares. O Jhonata já tava quase em Bagdá.

Chegando com o táxi no cais, tinham uns caras esperando quando a gente desceu. E o negócio deles era esse: – Ei gajo, tens um cigarro? – Não, não tenho. – então quer comprar maconha? – Não, valeu! – Têm cocaína também. Esses caras ficam em todo lugar do porto, e usam sempre a mesma conversa, que deve funcionar com alguns, já que eles estão ali sempre. Vi tripulantes comprando, mas cada um sabe o que faz, no Mediterranea não tinha tanto alcohol and drugs test.
Adiante, chegamos à parte do cais onde tudo acontece, As Docas, ficamos por ali em frente à balada que os tripulantes falaram, estava lotada, e às 4h da manhã, os caras queriam cobrar €20 de cada um pra entrarmos. Paramos em umas mesas e pedimos umas cervejas no bar em frente.
Nós continuamos tentando entrar na balada, por menos ou de graça, mas nada rolava. Entre uma cerveja e outra, fomos tirar uma foto, e o Jhonata, que já tava pra lá de Bagdá, deu uma cabeçada, à la Zidane, na mão de quem tava tirando a foto e quebrou a tampa do celular do Cézar.
Lisboa - Portugal_Overnight_Costa_Mediterranea
Do outro lado o Alan já se envolvia com uma mulher que tava em outra mesa com um amigo. Estaria tudo bem, se ela não fosse MUITA feia e mais velha que a gente haha. Ela era uma cubana que morava em Lisboa com esse amigo, que era bem estranho, falava arrastado e tava bem amigo da gente.
A conversa dos dois começou a fluir, e pra nossa surpresa novamente, o Alan deu um beijaço na véia, no meio de todo mundo. PQP, todos os Crews ficaram olhando surpresos, mas como estavam bêbados, nem ligaram.
O Jhonata, depois de muito tempo tentando, conseguiu entrar de graça na balada. Nós tentamos, e nada. O Alan, já quase apaixonado pela velha, estava pensando em ir pra casa dela, mas o que não entendíamos era porque o amigo dela, com cara de mafioso, ficava incentivando e chamando o Alan pra casa dela.
Saímos daquela parte, já voltando no sentido do navio, quando eu tava comendo um dog, o Alan veio correndo pedindo uma camisinha emprestada. Ninguém tinha, e eu só tinha uma no bolso. Mas fazia tanto tempo que o Alan não pegava ninguém, que não pensei duas vezes e dei a minha pra ele, que foi correndo de volta pro meio de um jardim que tinha por ali.
O Cézar tinha sumido, o Jhonata na balada, e o Alan com véia feia, sobrei com meu hot dog, que tava bom pra caramba. Alguns, minutos depois os dois voltaram, o Alan como sempre, não havia concluído a missão, e queria ir pra casa de velha.
Como bons amigos, nós o impedimos de fazer essa besteira, afinal, ninguém conhecia Lisboa tão bem assim, e essa mulher com o cara por perto, só podia ser treta. Desde aquele dia, falávamos que salvamos o Alan de uma quadrilha que traficava órgãos pela Europa toda, ele seria apenas mais um.

Ainda com o Alan arrependido de não ter ido, voltamos ao porto em um táxi-van com uns tripulantes que não conhecíamos muito bem, mas viraram amigos naquele dia. As histórias de overnight sempre ficam na memória, sempre tem alguma coisa que vai marcar a noite, naquela, foram várias as coisas.

P.S.: Infelizmente não existem muitas fotos desse dia, pois felizmente todos estavam preocupados com a diversão e a onda das selfies ainda não era tão forte tanto. 

Em breve postaremos histórias de outros overnights em lugares diferentes como Ibiza, Buenos Aires e Rio de Janeiro.

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Somos Bruno & Vic, dois viajantes que se conheceram e se apaixonaram trabalhando a bordo de um navio de cruzeiros. Em 2016, saímos em uma viagem ao mundo e, desde então, levamos a nossa vida na estrada. Entre caronas, voluntariados e trabalhos online compartilhamos nossas inúmeras experiências e pouco dessa vida nômade aqui no Blog Na Proa da Vida, veja mais

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Bruno
Já morei numa casa de lata flutuante onde o maior prazer era descobrir os sete mares. Trabalhei nos maiores eventos esportivos do mundo e vi o Bolt voando para mais um ouro no Rio de Janeiro. Hoje viajo o mundo sem data de volta para casa, na verdade, tenho chamado o mundo de minha casa. Não conto quantos países conheci pelo número de carimbos no passaporte, pois às vezes conheço dez países dentro de um só. Mergulhador e amante do oceano, amo aprender novos idiomas e coisas novas e escrevo sobre algumas das minhas aventuras no Na Proa da Vida.

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