Olá, aqui quem escreve é o Henrique Godoi. Sou um tripulante de navio da MSC CRUZEIROS e ex-tripulante da Costa Cruzeiros. Vou contar a minha história de quando virei tripulante de navios de cruzeiro nesse post chamado “E então eu era um tripulante!”. Porém, pra contar a história eu preciso contar uma pequena historinha antes.
E então, pelo começo da história, vocês devem imaginar que eu amei a ideia né? Não! Na verdade eu odiei porque tinha uma vida muito boa em São Paulo. Eu ficava todos os dias com a minha avó, jogava meu futebol, tinha uma namoradinha e adorava o lugar onde eu morava.
Lembro que, quando cheguei na Praia Grande, onde moro hoje, era um dia chuvoso e meu apartamento estava todo ferrado porque ainda estava sendo reformado. Nossa, foi horrível. Fiquei em depressão por 4 meses, meu Deus, como eu amava São Paulo e, na realidade, ainda amo demais, mas vamos lá ao restante da história.
Eu amava o surf mas não sabia surfar. Uma vez, voltando de São Paulo, passei em uma banquinha e lá tinha um filme de surf do Mick Fanning. Lembro que cheguei em casa e fui assistir mais e, neste dia, decidi que eu queria aprender de vez a surfar. Depois dessa decisão eu fui todos os dias no mar, e aí adivinhem…
Eu estava mais e mais apaixonado por aquela coisa linda da natureza. É engraçado como me sinto bem estando no mar e, foi aí que decidi que eu queria trabalhar em algo que eu pudesse ter contato com o mar.
Nesse tempo pós depressão eu fui conhecendo uma galera. Conheci uma menina que me apresentou todos os amigos que tenho hoje na cidade. Entre todos que conheci tem uma em especial que foi uma garota que transformaria minha vida, que viria a se tornar minha maior parceira, ANDRESSA FELIX, minha melhor amiga. Eu, ela, Natalia e Lalesca decidimos que iríamos trabalhar em navio de cruzeiros. Cara, foi demais, eu tinha descoberto algo que eu pudesse estar no mar, isso era incrível.
Conseguimos todos os documentos e passamos em todos os testes. A primeira a ser chamada foi a Dessa e, quando isso aconteceu, eu fiquei ansioso de verdade. Minha neguinha estava indo embora e aquele vazio ficou de novo. Lembro que estava em horário de almoço (eu trabalhava de office boy em uma contabilidade) quando meu celular tocou. Era meu pai:
– HENRIQUE, SUA DATA SAIU, COSTA SERENA, 07 DE OUTUBRO!
Caralho, o “impossível” tinha acontecido. Isso mesmo, eu iria para o mesmo navio da Dessa. Com tantos navios para embarcar e eu fui cair no dela. A felicidade era completa, a ansiedade me pegou daquele jeito e eu tinha apenas um mês pra me preparar e ir embora.
O grande dia chegou. Aeroporto de Guarulhos (SP) – Munich – Gênova. pois é, estava eu indo embora do país. No aeroporto aquele chororô, 12 horas de avião e eu ainda chorava. Cheguei em Gênova e não encontrava o motorista, até que avistei um cara com uma camiseta escrito “I LOVE SP”. Porra, só podia ser brasileiro. E era o Yan, PQP que cara da hora. Entramos no carro e fomos pro hotel. Me lembro até hoje, era lindo, enorme, uma italiana na recepção falando muito e eu não entendia nada, só sabia falar inglês e tinha aquele receio, coisa de quem aprendeu em curso. Quando entrei no meu quarto, uma banheira enorme no banheiro, PUTA QUE PARIU, era surreal, eu estava na Itália, ouvindo um som e relaxando em uma banheira, tem noção do que era aquilo?
Então eu era um tripulante: 07 de Outubro de 2012
Tá curtindo esse post “E então eu era um tripulante…”?
Leia mais: Manias da Vida a Bordo: Os gestos dos italianos com as mãos
Francesco chega, um dos italianos mais FDP que já conheci e começa a falar todas as coisas que deveríamos saber dali pra frente. Era importante, mas eu estava com tanto medo que nem lembro o que ele falou. Depois da aula eu desço na lavanderia pra buscar meu uniforme e, quando eu saio do local do uniforme, quem está na minha frente? Ahh meu Deus, era ela, a Dessinha estava me abraçando de novo, eu não estava mais sozinho. Ela tinha que ir trabalhar e eu fui pra minha cabine.
Meu primeiro porto foi Civitavecchia. Que lugar mágico. Saí com a nega e lá conheci dois caras incríveis: Brunão e Marcão, ali começava uma amizade boa.
E então eu era um tripulante…
Foram meses de luta mas um final de glória! Conheci pessoas incríveis, morei com pessoas incríveis, meu inglês decolou, aprendi o espanhol, comprei tudo que eu sempre quis, virei muito mais amigo da Dessa, nos tornamos irmãos, tive amizades que ficaram por lá, mas também tive algumas que salvaram, principalmente a do Brunão.
Aprendi a comer, a beber cerveja e tive o que eu sempre quis e sempre estou querendo, que é conhecimento, cultura e histórias.
Minha vida a bordo foi incrível! Zoei, dancei, brinquei, trabalhei demais, uma cultura de vida incrível, cresci mental e espiritualmente, aprendi muita coisa boa, briguei, chorei, sorri mas é aquilo, o importante é que emoções eu vivi!
E aí, gostou do relato “Então eu era um tripulante…”? E como foi a sua experiência trabalhando em navio de cruzeiros? Conta pra gente aqui nos comentários! Se quiser ver mais fotos ou vídeos sobre a vida a bordo e outros países como Europa e Sudeste Asiático, siga as nossas redes sociais: Instagram, Facebook, Pinterest e YouTube.
Henrique querido, que bacana seu blog e acima de tudo estou super surpresa, pois Dessa é uma gatinha linda – a conheci na travessia do Preziosa e de lá prá cá sempre mantenho contato pelas redes sociais. Parabéns amigo e fi que com Deus!!!!
Oi Fernanda, obrigada pelo comentário 🙂 Vamos enviar a mensagem para o Henrique, ta? Ele vai adorar 🙂 Boas viagens!
Que maraaaa sua experiência, é meu sonho e tenho fluência em inglês. Suas palavras aí me lembraram o Jack no filme Titanic: “fazer valer a pena”, só faltou gritar “sou o rei do mundooooo!!!” Boa viagem!
hahahaha que bom que curtiu a experiência do Henrique, Taty! Boa sorte na seleção e processos para entrar no navio. VAI FUNDO e se tiver medo, VAI ASSIM MESMO 😛