O cruzeiro em que faríamos a festa da independência do Brasil estava chegando e nós precisávamos de alguma coisa que representasse o nosso país. Eu tinha uma bandeira pequena na cabine, mas é claro que isso não seria o bastante, até porque eu não gostava de levar nada da cabine pro Crew Bar, prefiria levar do Crew Bar pra cabine (entendedores entenderão). Há algumas semanas, tinha acontecido a melhor Crew Party dos meus dois meses e meio no Mediterranea, a Festa da Independência da Índia, foi demais, e nós queríamos fazer algo especial na nossa festa também.
Então, nós descobrimos que havia uma outlet da Nike em Atenas, porto que passaríamos dentro de alguns dias; o Jhonata e eu falamos com o Poojary para que os horários pudessem bater. Nos programamos e no dia em que chegamos em Atenas, já sabíamos pra onde iríamos. Eu gostaria de conhecer um pouco mais de Atenas naquele dia, pois já havia visitado Acrópole e alguns pontos da cidade com o Felipe uns dias antes, porém sempre tem algo mais pra ver, mas estávamos determinados à comprar a camisa para a festa.
Saindo do navio, fomos direto ao hall onde ficavam os táxis, sem muito tempo a perder (essa é a vida de tripulante), negociamos o preço com um taxista que nos levaria até a loja e traria de volta. Chegando no carro, parecia que o motorista não precisava trabalhar com aquilo, parecia que havia pego o carro do pai e estava dando umas voltas pra contar umas histórias. O cara era playboy, dirigia uma Mercedes-Benz nova e contava várias histórias de baladas em Mykonos e Atenas, sobre os grandes prostíbulos da cidade e parecia conhecer todo mundo na cidade, durante o caminho até a outlet, ele parou umas três vezes em outras grandes outlets de marcas famosas, onde ele conhecia a maioria das pessoas, e onde também trabalhavam lindas gregas. Antes de chegar na loja, o cara já havia virado nosso amigo.
Chegando na loja, encontramos outros brasileiros do navio, que estavam atrás de coisas do Brasil, e mais que isso, todas as coisas baratas que haviam na loja. Entre eles o Marcos, Tharita e Alan…
E é aí que esse dia ficou marcado (risos). A bordo, dificilmente alguém fica solteiro ou sem uma companhia, mas o Alan, tinha conseguido essa proeza haha (Alan, não leva a sério brother).
Ele havia feito o STCW comigo, e embarcado um pouco antes de mim no shopping. E desde então, ele havia beijado umas senhoritas a bordo, mas nada de trocar o óleo. Quando eu cheguei a bordo, não fazia taaanto tempo assim que ele tava lá, mas o tempo foi passando e quando o Jhonata embarcou, isso virou motivo de todas as zoações, o melhor era que o Alan também se zoava, e ele era um dos caras mais engraçados do navio, tava nessa seca não era por falta de tentar.
Por algumas vezes, o Alan saía do bar com alguma menina e a gente dava como missão cumprida dessa vez, e no dia seguinte, nada. Outras vezes, ele chegava falando que tava quase convencendo outra, e quando chegava a hora, nada.
Então, quando o encontramos na loja, as piadas foram direto pro assunto, mas aí sim, fomos surpreendidos novamente. Ele chegou falando de uma russa que havia embarcado há pouco tempo no shopping, e que era bem bonita, e a pergunta foi direta: E aí, comeu? haha.
Por incrível que pareça a resposta foi “SIM!“. PQP, não acreditamos muito nele, mas ele estava falando sério e não tinha porque mentir, já que tinha falado das outras tentativas frustradas e sabíamos do perigo que havia corrido com a cubana de Lisboa.
Verdade ou não, levantamos ele pelos braços (era leve com um grilo) no meio da loja e saímos correndo entres os corredores cantando o “Pam, pam, pam… Pam, pam, pam!” do Ayrton Senna. Foi uma das cenas que mais ficaram marcadas, quando se fala de amizade a bordo. As pessoas olhavam, e não entendiam nada, dois loucos correndo com um cara no braço, os outros tripulantes que estavam na loja também não entenderam nada. Na volta ao navio, voltamos só o Jhonata e eu mesmo, pois os outros tinham um horário mais flexível.
O Alan, que já havia protagonizado uma cena bizarra no overnight em Lisboa, ficou por um tempo com a russa, mas aí, eu fui transferido e não sei o que deu. Fui encontrar o Alan só depois, quando ele estava em outro navio, no porto de Buenos Aires, mas a gente mantém um certo contato até hoje.
Aproveitem o tempo com as amizades a bordo, pois os momentos ficam marcados para sempre e isso faz muita falta quando nos lembramos de como a vida a bordo pode ser boa e nos proporcionar amizades e lembranças incríveis.Saudade de todos esses pequenos momentos com os amigos.
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