O Bruno e a Vic me pediram pra escrever um post dando dicas e contando minha experiência com trabalho voluntário na África. Então aqui já vai a primeira dica: vá pra África! Sério! Só vai!
Sobre trabalho voluntário na África e a minha experiência
Eu fiz um mês de trabalho voluntário na Zâmbia, no ‘Childcare/Teaching Program‘ da IVHQ , que é uma empresa da Nova Zelândia que faz todo o contato com as ONGs locais para voluntariado em diversos países do mundo.
Sei que muita gente acha que trabalho voluntário deveria ser de graça, mas se você pensar que alguém tem que pagar pela sua hospedagem, todo o staff que limpa a casa, faz comida, etc. a ONG estaria “pagando” pelo seu trabalho, e ele não seria voluntário. Sei que não é barato, mas a experiência vale cada centavo.
Eu sempre tive vontade de fazer trabalho voluntário na África, mas eu tinha um conflito interno, que talvez outras pessoas também tenham, que era pensar em quantas pessoas aqui no Brasil também precisam de ajuda. Eu resolvi isso na minha cabeça quando aceitei que fazer uma viagem de trabalho voluntário não precisa ser uma decisão 100% altruísta, até porque você com certeza imagina o tanto de crescimento pessoal e de maior conhecimento do mundo que você vai ganhar com isso.
Então acredito que seja simplesmente uma maneira diferente de viajar, com um significado muito maior do que ser só um turista. Conviver diretamente com os locais, entender a cultura e o modo de vida do lugar, refletir sobre o seu próprio modo de vida, conhecer algumas das melhores pessoas que você já conheceu, e ainda fazer a diferença na vida de algumas crianças, é uma experiência que só uma viagem assim proporciona.
Trabalho voluntário no Brasil também
E é claro que fazer o que você puder aqui no Brasil também é bom né. Se você tem vontade de fazer esse tipo de trabalho voluntário por aqui e não sabe como, eu posso dizer que tive experiências incríveis com o TETO, que é uma organização sem fins lucrativos presente em quase toda a América Latina, que atua em comunidades precárias construindo casas de emergência para famílias vulneráveis, além de envolver os voluntários e moradores em diversos projetos comunitários. Vale a pena dar uma olhada. 😉
Como funciona o programa de voluntariado na África
Bom, voltando a minha experiência de trabalho voluntário na África, vou tentar explicar mais ou menos como funciona o programa:
No caso de Livingstone, você fica hospedado em uma “casa dos voluntários”, em quartos com 2 ou 3 pessoas, tem todas as refeições incluídas e todo o suporte das pessoas da ONG (Dream Livingstone) pra encontrar o melhor programa pra você.
Nós tínhamos médicas e enfermeiras voluntárias no ‘medical program‘, algumas pessoas no ‘construction program‘, que estavam ajudando na construção de uma nova escola da ONG, e a maioria no ‘Childcare/ Teaching program‘, divididos em diferentes escolas que vivem de doações e professores voluntários. E, sem as quais, a maioria das crianças que ali estudam estariam fora da escola. A minha turminha era da 1ª série e, antes de eu chegar, eles tinham aula com a mesma professora da 2ª série e dos bebês, tudo na mesma sala. Imagina?
Eu ensinava basicamente inglês, matemática e ciências. Não sei se parece assustador pra você, sem nenhuma experiência, dar aula pra crianças, mas pra mim, a primeira semana foi toda de “AI MEU DEUS, O QUE DIABOS EU VOU ENSINAR PRA ESSAS CRIANÇAS?” Hahaha.. não vou dizer que é fácil, requer bastante planejamento e paciência, mas depois que você observa o que os professores fazem e conversa com os outros voluntários, trocando i
Eu descobri fazendo trabalho voluntário na África que as crianças são INCRÍVEIS! De verdade! Antes de eu ir todo mundo dizia que eu ia ficar triste e coisa e tal, mas estas foram as crianças mais felizes, sorridentes e generosas que eu já conheci. Você vê que elas não tem muita coisa, mas aí percebe que, na verdade, crianças não precisam de ‘coisa’ alguma para serem felizes. Uma importante lição 😉
O único pré requisito para fazer trabalho voluntário na África é falar inglês fluente, de resto não precisa ter nenhuma experiência prévia ensinando ou com crianças, só gostar delas de preferência, né? Haha
Para escolher o seu destino eu levaria em conta 2 pontos: primeiro, que seja um lugar onde realmente precisam de ajuda (existem alguns programas que são basicamente férias. Claro que você faz o que bem entender com o seu dinheiro, mas se você tem vontade de fazer trabalho voluntário, acredito que você queira fazer a diferença na vida de alguém. Por isso, indico pesquisar bastante as necessidades do lugar).
E segundo, que seja um lugar onde haja bastante coisa pra explorar por perto, já que você vai fazer muitos amigos e sair para explorar com a galera nos tempos livres que é uma das partes mais legais.
O bom de fazer trabalho voluntário em Livingstone é que a cidade está bem na fronteira com o Zimbábue – com Victoria Falls no quintal de casa, a 40 minutos de carro de Botswana e a 4 horas da Namíbia, além de um rápido voo da África do Sul (Eu estive em Cape Town na semana antes de ir para a Zâmbia. A cidade é linda, bem parecida com o meu Rio de Janeiro <3 vale muito a pena!)
Histórias sobre a minha experiência fazendo trabalho voluntário na África
Lweendo, essa menina sorridente da foto, tem 5 anos. Ela chegou um dia na sala de aula, tirou um pirulito da mochila e, sem ninguém falar nada, se levantou e começou a bater o pirulito no banco até ele ficar todo quebrado. Depois disso, ela abriu um pouquinho a embalagem e foi distribuindo os pedaços e farelos entre os coleguinhas.
Lance, meu queridinho e tão tão inteligente!
Quando eu cheguei, no primeiro dia de aula, as crianças só sabiam contar até 20… Vendo que ele era sempre o primeiro a responder e a turma meio que ia na onda dele, sentei do seu lado e escrevi num papel os números de 0 a 19 em 2 fileiras de 10. Depois só escrevi 20, 30, 40, e 50 no início das 4 próximas fileiras e o pedi para continuar completando pra mim. Foi a primeira vez que ele contou até 100. Aquela carinha de surpresa e orgulho é um dos meus momentos preferidos dessa viagem. <3
Histórias da minha aventura viajando e fazendo trabalho voluntário na África
No primeiro fim de semana de trabalho voluntário na África já fomos pro Chobe National Park em Botswana para um safári. Éramos 10 meninas e Toni, nosso guia, acampando no meio do parque, a 1 km de onde tínhamos acabado de ver 5 leões. E enquanto jantávamos, no breu total, o Toni ainda resolve compartilhar que aquela era a hora que os leões gostavam de caçar hahahaha foi uma noite incrível! Ouvimos hienas passando na frente da barraca e conseguimos ver todos os animais possíveis durante o safári, inclusive elefantes a 2 metros de distância quando o pneu do jeep tinha acabado de furar haha.
No fim de semana seguinte visitamos as incríveis Victoria Falls e levamos a aventura à outro nível quando fizemos rafting no rio Zambezi, um dos mais intensos do mundo. Vou te falar que foi a coisa mais assustadora que eu já fiz, sério. E olha q ainda nessa viagem eu pulei de um avião hein. Claro que nosso barco virou em uma das corredeiras de nível 5 e ficamos um tempinho presos embaixo dele.. mas todo mundo sobreviveu, sem muitos traumas 😀
Na outra semana, eu e duas amigas, fomos à Namíbia. Dirigimos 1.200km (em estradas de areia, do lado contrário da pista), acampando, em um 4×4 com barracas no teto… que aventura! Haha! Entre um deserto eterno, praia e montanhas, a Namíbia foi o país mais diferente que eu já conheci. Subimos aquelas dunas incríveis de areia vermelha, passamos por lugares onde nos perguntamos se estávamos em outro planeta, andamos de camelo, pulamos de paraquedas e dormimos no meio de montanhas sem ninguém em volta. Foi o meu lugar preferido!
Já o último fim de semana do trabalho voluntário na África foi dedicado às despedidas, incluindo muitas (MUITAS!) lágrimas no último dia na escola e na última noite com os outros voluntários.
Concluindo…
Acho que é fácil perceber que eu indico muito esse tipo de viagem. Pelo bem que faz pros outros, pelo crescimento pessoal, pelas pessoas, e pela oportunidade de conhecer lugares para os quais você provavelmente não viajaria sozinho.
Aliás, vai aqui uma outra dica: viaje sozinho! É tão difícil conciliar destinos, datas, planos e tudo mais com outras pessoas que as vezes deixamos de viver experiências incríveis por “falta de companhia”. Essa foi a minha segunda viagem de um mês “sozinha” e eu te garanto: você só vai estar sozinho quando quiser. E é até bom às vezes, né não?
Texto escrito por nossa amigona Patrícia Wink
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olá pessoal,, minha mae tem interesse em fazer trabalhos voluntarios pela Africa e Asia.. voces podem me ajudar com dicas e ongs onde possamos estar ndo para ela realizar esse trabalho???
Olá Wesley, que legal que sua mãe tem interesse em algo tão lindo! Comece procurando na ONG que a Patricia cita no post e, se tiver alguma dúvida, entra em contato com a gente 🙂 Boa sorte!!!